Concurso Centro de Ensino

 

CONCURSO CENTRO DE ENSINO FUNDAMENTAL PARQUE DO RIACHO

O edifício escolar é uma obra que mobiliza recursos consideráveis, da construção à manutenção. Seu uso costuma ser restrito aos períodos de aulas, com o protagonismo dos alunos e a participação de professores, demais funcionários, pais e responsáveis pelas crianças.

O súbito adensamento da população em Riacho Fundo II trouxe à tona a urgência de equipamentos para atender à demanda dos habitantes do bairro. Sendo assim, o projeto do Centro de Ensino Fundamental Parque do Riacho partiu da seguinte indagação: Como otimizar o aproveitamento do edifício da escola, estendendo ao máximo seu horário de funcionamento e ampliando o público atendido por este equipamento cultural?

Em resposta, buscou-se abrir a escola à comunidade externa, preservando ao mesmo tempo a integridade dos espaços pedagógicos e a segurança dos alunos. Para isso, criaram-se duas cotas de acesso: térreo inferior, para receber o público geral e térreo superior, para entrada exclusiva de alunos e demais membros da comunidade escolar.

A ideia de abertura a um público amplo foi utilizada a favor de uma segunda premissa do projeto: a própria arquitetura resguarda os espaços internos, sem a necessidade de fechamento adicional, como muros ou gradis. Isto, somado à expressividade das grandes rampas da fachada, reforça o convite aos potenciais usuários do edifício.

O SÍTIO

Brasília apresenta uma urbanização relativamente nova, em especial na vizinhança do projeto, que se encontra ainda em fase de assentamento. Desse modo, a movimentação de terra para criação do meio nível que distingue os acessos do público externo e interno considerou a facilidade de reuso da terra removida na construção de relevos, em praças e em edificações novas no entorno da escola.

O clima predominantemente seco da região exige a criação de microclimas. Para isso, priorizou-se o uso da vegetação nativa no entorno imediato e no interior do edifício, aliado ao aproveitamento dos ventos.

Os índices anuais de insolação favorecem o aproveitamento da energia solar para aquecimento dos chuveiros, por meio de placas fotovoltaicas na cobertura.

Em função das chuvas sazonais, foi proposta uma cisterna, prevendo reuso da água na limpeza das dependências da escola e rega dos jardins sempre que possível.

DO PROJETO À OBRA

De acordo com a solicitação de rapidez e execução, o projeto prevê estrutura modular em aço (pilares e vigas tipo I e vigas treliçadas para o vão maior da quadra) e laje painel. O concreto armado dos blocos de escada e vestiário, nas extremidades do edifício, garante o travamento total do sistema. Chapas perfuradas fazem a vedação da quadra e do pátio externo, garantindo permeabilidade visual, movimento e unidade à fachada.

Foram adotados caixilhos de ferro padronizados, de baixo custo, que podem ser executados por serralheiros da comunidade. As aberturas nas faces noroeste e sudeste são recuadas e protegidas por brises verticais de sarrafo tratado, nas dimensões comerciais. O guarda-corpo de vergalhão e chapa metálica simples também segue a lógica de se alcançar um bom resultado estético pelo uso pouco convencional de materiais básicos da construção civil.

ESCOLA CLASSE (EC) – ESCOLA PARQUE (EP)

O plano das Escolas Classe e Escola Parque, idealizado por Anísio Teixeira, iniciou-se em Brasília na década de 1960 e é considerado um dos maiores legados pedagógicos e da arquitetura escolar brasileira. Os alunos transitariam entre duas escolas ao longo do dia. As ECs, compactas e em maior número, seriam voltadas às práticas do ensino tradicional expositivo, enquanto as EPs, de maior dimensão e em menor número, abrigariam as práticas recreativas, criativas e do labor manual. O mapa à esquerda expõe a relação ECs-EP hoje, bastante alterada desde o plano original.

Questão 1: As EPs localizadas em cidades satélites atendem muito mais ECs do que as similares do plano. Além disso, os alunos das EPs do plano piloto residem em sua maioria fora dele.

Proposta: Abrir possibilidades de diálogos do futuro CEF Riacho Fundo com as EPs e ECs existentes, contribuindo para dissolver a dicotomia das escolas de centro-periferia, e desafogar as EPs já sobrecarregadas, principalmente a de Ceilândia.

Questão 2: O plano de urbanização de Riacho Fundo é um empreendimento de porte considerável e, ao mesmo tempo, distante de outros centros, tanto do próprio plano como das demais regiões administrativas do DF.

Proposta: Possibilitar que o CEF possa exercer uma atuação análoga à das EPs, em que as estruturas de interesse público possam ser utilizadas pela comunidade tanto em períodos noturnos, finais de semana ou mesmo no período diurno, tomando partido da independência de acessos elaborada neste projeto (ver diagrama de acessos). Assim, a nova edificação poderia constituir-se como uma referência na urbanização de Riacho Fundo, um polo de interesse para toda a comunidade, além das crianças em idade escolar.

local Riacho Fundo – DF | projeto 2016 | construção 5.255m² | arquitetura Alessio Dionisi, Carol Oukawa e Dalton Ruas